domingo, 20 de setembro de 2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Liah (8)


De repente, um clarão e simultaneamente a um estouro ensurdecedor. Um raio atingira a caixa de energia da boate. Faíscas como fogos de artifícios formaram uma cortina no estreito beco. E ele lá, parado na entrada do beco. Liah paralisada, com medo daquela imagem macabra que acabara de ver em seus sonhos. Como que em câmera lenta, num movimento lúdico, ele se desvencilhou da capa, ergueu sem punho esquerdo. Contra as faíscas reluzentes, um objeto refletia o seu brilho. Um estouro mais forte e Liah cobriu o rosto, protegendo os olhos. Quando ergueu os rosto, só deu tempo de ver parte da capa desaparecendo pelo beco. Liah se levantou e ouviu vozes se aproximando de dentro da boate, correu pra saída do beco, mas não sem antes ver algo brilhando no chão. Liah nem parou pra ver o que era, se abaixou rapidamente, agarrou o objeto e continuou correndo. Alguns metros depois, encharcada pela chuva e quase sem fôlego, Liah parou um pouco, segurava com força o objeto em sua mão. Havia medo em seu olhar. Já não sabia dizer o que era realidade ou sonho. Olhava pra sua mão fechada, uma corrente pendia entre seus dedos. Lentamente ela abriu a mão e quase não acreditou no que viu. O pingente era uma espécie de estrela celta, numa corrente de prata que Burt nunca tirava do pescoço. "Meu Deus! Burt?" Lia correu de volta para o apartamento dele, temendo pelo pior.

(continua...)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Liah (7)


Liah corria por uma rua escura, estava chovendo muito e ela mal consegui enxergar o que vinha pela frente. Apesar dos trovões ela ouvia claramente os passos de quem vinha logo atras dela. Um vulto grande e medonho que se aproximava dela. Quando percebeu estava no beco atras da boate, sem saída, a porta dos fundos fechada, não tinha pra onde correr. Ele se aproximava devagar e parecia flutuar pelo chão praticamente alagado pela forte chuva. Suas costas tocaram a parede e ele chegou mais perto, abriu a pesada capa de chuva e tirou algo brilhante do bolso. O reflexo do relâmpago no objeto cegou Liah por um segundo e quando ela olhou novamente, ele já não estava lá. De um salto Liah acordou e quase caiu do sofá da de Burt, tão sem fôlego como se realmente estivesse correndo pela chuva. Eram quase 3 da manhã e ela não conseguiria mais dormir naquela noite. Brut dormia pesado no quarto e Liah perambulou um pouco pelo apartamento. Mas algo a incomodava, precisava voltar lá. "O sonho parecia tão real. E se for uma pista?" Saiu pela rua sozinha e como se fosse combinado, uma forte chuva começou a cair. A boate ficava a umas 3 quadras do apartamento. A rua principal estava vazia e poucos carros passavam por ali naquela hora. Chegando próximo a boate, um relâmpago cortou o céu tornando a noite clara como dia. Alguém se aproximava. Liah apressou os passos e quando deu por si, estava num flashback terrível. No beco, atras da boate, encurralada. Forçou a porta dos fundos e estava fechada. Ouviu que alguém se aproximar. Um homem alto, com um chapéu e capa de chuva. Procurava algo pra se defender, mas não havia nada. Ele ficou parado na entrada do beco. Liah não sabia o que fazer. "O criminoso sempre volta ao local do crime" pensou ela. "mas seria ele ou eu?".

(continua...)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Liah (6)


Pouco antes das onze chegaram no apartamento de Burt. Um loft no centro, com um estilo retrô bastante sofisticado. 'Típico de um solteirão bem sucedido' pensou Liah. Não havia nenhum movimento estranho por perto, então estavam a salvo. A polícia também não sabia da ligação entre eles. Burt contou que o crime deve ter ocorrido ente 5 e 6 horas da manhã. Mas Liah não fazia idéia da hora que saiu da boate. Liah se lembrava de ter conversado com alguém no mezanino, e depois... depois tudo era muito vago. 'Quem era ele?' Mas Burt só ouviu da polícia seu nome: Nuñez. Aquele nome não lhe lembrava nada. 'Já saí com alguns latinos antes, mas Nuñez...'. Ele preparou um café e tirou uma pizza da geladeira. 'Tem alguém que você queira ligar, algum lugar pra ir?' Liah vivia sozinha desde os 17 anos. Pulando de casa em casa de amigos sempre que algo dava errado. Trabalhava numa loja de discos onde ganhava o que dava pro aluguel e fazia alguns bicos como hostess. Da família ela não sabia faz tempo. Alguns ex-namorados, mas nada que valesse a pena. 'Não, tudo bem'. Antes que Burt pegasse a pizza e servisse o café, Liah já estava dormindo no sofá. Ele a cobriu e deixou que descansasse.

(continua...)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Liah (5)


'Rápido! Vou te tirar daqui'. Ela nem olhou quem era. Ele a agarrou pelo braço e entraram numa viela que dava nos fundos de um restaurante chinês. Entraram pela porta de serviço, despistando os policiais. Sábado a noite, restaurante lotado. Facilmente eles conseguiram atravessar a cozinha e o salão chegar até a rua. Entraram num taxi que estava parado ali e seguiram pro centro da cidade. Seu salvador era Burt. Dono da boate e amigo de longa data. Liah já frequentava 'Black Cherry' antes de Burt comprá-la. Ele costumava dizer que ela veio com a mobilha. Se tornaram amigos desde então. Foi um dos funcionários de Burt quem achou o cara morto quando foi colocar o lixo pra fora. E quando a polícia achou o celular de Liah junto ao corpo, ela sabia que ela estava encrencada. 'Enfiaram uma faca na barriga dele, mas não acharam a arma e nem muitas pistas. Só você' Burt sabia que ela não poderia ter feito aquilo. Não entendia bem o porque, mas sabia. Liah contou não se lembrar de muita coisa do cara, além da tatuagem e que não sabia como tinha ido embora. Seguiram para o apartamento de Burt. Já era tarde e ela não podia voltar pra casa. Liah estava meio atordoada, sem entender direito tudo o que estava acontecendo. Mas sabia que estava segura com Burt.

(continua...)

domingo, 30 de agosto de 2009

Liah (4)

Aquelas duas quadras nunca foram tão longas, ela ia quase correndo pela calçada, mas não chegava nunca em casa. Tentava refazer seus passos de ontem. Boate, bar, pista, banheiro, bar, mezanino... 'fiquei lá um bom tempo, quase até a hora de ir embora'... mas não conseguia se lembrar do cara. O tal beco, ela sabia, era na saída dos fundos da boate, já tinha ido pra lá algumas vezes. Mas com quem ela foi ontem a noite? Quem era o cara com a tatuagem de caveira? 'Vai ver é até outra pessoa que morreu e eu cheia de neura'. Mas era estranho, na hora em que a mulher mencionou o fato, um arrepio percorreu o corpo de Liah. Tinha algo de errado. Quando chegou na esquina de casa, viu um carro da polícia na porta do seu prédio. Ela congelou por alguns estantes. Se abaixou perto de um muro de jeito que um carro bloqueasse a visão de quem estivesse na porta do prédio, e pode se aproximar mais um pouco. Ouviu um dos policiais perguntando por ela ao porteiro e ele indicando a direção por onde havia seguido. A sacola do mercado caiu no chão, quebrando a garrafa de vodka. O barulho chamou a atenção do policiais. Foi quando ela sentiu uma mão no seu ombro.

(continua...)